10/08/2010

Islã conquista seguidores nas periferias brasileiras.


O Islã ganha terreno no Brasil. Esta é a manchete de uma reportagem publicada  pelo diário francês  Le  Figaro  sobre  o  aumento  do  número  de  muçulmanos nas periferias do Brasil.

Em entrevista ao jornal, o professor da Universidade Fluminense, Paulo da Rocha Pinto,  estima que há cerca de 1 milhão de fiéis no país.  O  número  não é preciso porque no censo  brasileiro a religião é classificada como “outras”. Ele lembra que os primeiros muçulmanos que chegaram ao Brasil foram escravos africanos. Várias  revoltas  na  época teriam propagado uma  desconfiança em relação à religião.

O jornal francês lembra que apesar da imigração muçulmana de libaneses, sírios e palestinos no século  20,   a primeira  mesquita  no Brasil  só  foi  inaugurada  em  1960. Segundo Le Figaro, a motivação  das  pessoas  que  buscam o  Islã  no   Brasil é diferente das que procuram as igrejas evangélicas. 

Elas   descobrem  uma  religião  mais  aberta  ao  mundo,   dizem   os especialistas. Eles  observam  ainda  que  a mensagem  de  igualdade  racial   e   de justiça  pregada  pelo  Islã é   um  sucesso   entre  as  comunidades  mais  pobres,  principalmente  entre  os  jovens vítimas do racismo e da violência policial.

O  Islã   viabiliza  o acesso  dos jovens  de  periferia à cultura,  pois  para  ser  um  muçulmano  o indivíduo  necessita  estar   em   constante  estudo  não  apenas  da religião, mas da língua árabe, por   exemplo,  entre outras disciplinas.  

O   rapper   Função do grupo DiFunção ,  é    um  destes exemplos,  o MC se converteu e fundou o  NDIB –  Núcleo  de  Desenvolvimento  dos Estudos Islãmicos Brasileiro.

“O veículo que mais aproxima o Islã dos jovens é o rap, já que temos vários representantes convertidos, como norte-americano Mos Def, por exemplo, e recentemente o rapper Scarface”, afirma Função.

Brazil: Islam on the rize in favelas


Para estes jovens pertencentes às classes populares (hoje emergentes),é uma maneira de adquirir informação e se sentir inserido num contexto social,   que não  o obriga a  cortar laços ou contatos com pessoas que não façam parte   da religião.


Fred Hampton Jr. é filho do líder dos Panteras Negras


Fred Hampton Jr. é filho do líder dos Panteras Negras – organização criada nos anos 60, nos Estados Unidos, que defendia teses como o pagamento de compensação aos negros pela escravidão.

Hampton, assim como o pai, passou vários anos preso nos EUA, e dentro da cadeia fundou o POCC (Prisioners of Conscience Committee, em português: o Comitê dos Prisioneiros de Consciência), que defende a idéia de que os detentos são presos políticos, já  que  a grande massa carcerária é resultado do descaso do ESTADO. 

Muçulmano,   Hampton  esteve  no Brasil   para   participar  de  uma série  de  discussões  promovidas  pelo  NDIB,  em 2007.

Com uma abordagem e uma política de resultados muito mais palpáveis do que os ensinamentos evangélicos  (febre religiosa em presídios e quebradas)  ou católicos,  o Islã cresce no Brasil e prepara a auto estima destes jovens, atrelando a evolução do indivídio ao desenvolvimento de uma consciência da responsabilidade pela situação politico-social do país.

Assista a entrevista do DiFunção feita pelo rapper carioca Fiell, que representa o Morro da Dona Marta, no Rio de Janeiro e desenvolve o projeto online de TV chamado Visão da Favela Brasil.

Programa de TV Visão da Favela Brasil




Um comentário:

Raul Diamantino disse...

Interessante como um país de diversas religiões, diversas raças.. Pode haver tanto preconceito...

Não sou de religião alguma, mas respeito esse movimento e acredito que o ser humano que tem fé é capaz sim de viver melhor e encontrar uma razão para viver e lutar constantemente contra a opressão.

Abçs.

Raul Diamantino
Blog União Libertária